22 outubro 2009

FiLiCiDaDiS

Queria te dar um algo, um algo que nem eu sei.
Um presente, uma moeda da sorte, um objeto encantado.
Pensei num relógio mágico, no relógio do tempo.
Queria também te dar um par de asas, mas ainda não consegui encomendar.
Quem sabe um sorriso, um selo, uma canção.
O sol, as estrelas, a lua já tem donos.
Nem no mercado da praça, da rua Sol da Minha Vida, encontrei algo raro.
Sendo assim, dou-lhe meus versos escondidos e filizis.
Entrego-lhe minhas letras presas entre letras.
Minhas rimas baratas e singulares.
Dou a ti aquilo que há de melhor em mim.
Te entrego meu pão cotidiano, meu ar.
Minha sinceridade, meu azo, meu Ser-tão.
Aceite.


Longe do tempo, o garoto com seus pés nus, atraído pela música do vento, sem cordas e sacola, simplesmente corre. O menino não se importa, ele apenas corre sem pressa, se joga nos braços da brisa desejoso de provar a vida. Esse moleque arrisca em cada passo, não que ele não sinta medo e receio. Seus olhos se perdem no futuro, o passado é sua escola e o presente é sua corrida. Seus pés desnudos experimentam cada pedaço do seu caminho, suas mãos livres carregam as lembranças das amizades e amores. O sorriso largo é o convite sincero de quem a cada passo aprender a andar. As gargalhadas são o tempero, o sabor singular, o toque pessoal. O sotaque é o berço, a infância, o colo seguro, o chão que o acolheu. As lágrimas são a prova de que o tempo corre no seu ritmo e que saudade é verso incompleto que só faz sentido se o outro está bem perto. Os limites que advém da distância não tornam o menino solitário, apenas aguça seu paladar refinado que de saudades em saudade recorda. Nem suas aventuras e desventuras, deixa desmedida a medida daquilo que ele elegeu como bom e favorável para seu existir, pois ele quer apenas insistir na sua corrida. Ele está aprendendo a correr a cada passo, ele é um menino, ele quer ser apenas menino. E o menino que longe do tempo cresce, vai tecendo seus dias. Todas as manhãs, logo depois que nasce o sol ele escreve mais uma página de sua história, ele se inventa e reinventa. E o menino cresce…



Presente de um amigo, obrigado Ricardo!

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