Sábado estava assistindo um programa de TV que apresenta jovens adolescentes, representando seus Estados, competindo numa simples soletração de palavras. Neste programa havia três adolescentes, um gaúcho, uma mato-grossense e um carioca. O gaúcho um menino, branco, bem quisto, residente numa boa casa, com uma família da mesma qualidade. A mato-grossense, mulata, também de um atributo cultural acima da média. O carioca, negro, e “malandro” com a ginga carioca e apoiado pela escola e família. Todos os três passaram por uma seletiva dentre todos os alunos de sua respectiva escola. Escolas que foram mostradas e estavam em boas condições de estrutura, professores lecionando, alunos uniformizados, limpeza, etc...
Neste desafio, imaginas quem se saiu melhor? O carioca. E negro. E sabe por que estou citando todos estes detalhes? Porque acho o cúmulo do preconceito e da afirmação de que negros são inferiores mentalmente e que precisam destas cotas em universidades. É lógico que negros, mulatos e índios não são mentalmente inferiores. Todos são capazes desde que tenham a oportunidade e o direito de usufruir dum ensino de qualidade, que é fruto do seus impostos pagos. Essa situação de que devido a anos de preconceito, de recriminação e abandono das ações sócio-educativa e sócio-cultural, achou-se que essa seria a medida paliativa para resolver o problema. Como no Brasil tudo se resolve no jeitinho, vamos dar uma cota para uma camada da sociedade e achamos que encontramos a solução do problema. Essa não é definitivamente a solução do problema. A solução é a educação de base, de qualidade, com estrutura educacional, com pedagogia única e igual para todos, em Manaus ou em Florianópolis, de Sinop a Porto Seguro. Essa educação tem de valorizar o professor, treiná-lo, incentivar graduação, mestrados e pós-graduação com salários honestos. Assim você estrutura a base das novas gerações por igual e sem discriminação por cor ou raça.
Tudo isso ampara a dificuldade de aprendizado que vários alunos, sejam brancos, negros, mamelucos, cafuzos, índios ou amarelos, enfrentam no ensino de gramática, matemática ou geografia. Que existe preconceito racial no Brasil, infelizmente é verdade mas essa atitude só faz com que haja mais preconceito e discriminação.
O exemplo do jovem carioca é a expressão mais honesta e verdadeira de que, se receber o ensino de qualidade, ele vai chegar longe.
03 abril 2007
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